ARTIGO
Obesidade: a auto estima elevada
Mrcio Cavalca Medeiros
Estive com a famlia em uma das praias do litoral norte paulista. Lugar bonito, bem agradvel e timo para a nossa pequena Laura se divertir com segurana. Confesso que no sou muito simptico a praia. Tenho dificuldades em compreender como: sal, areia e calor podem ser agradveis, em convvio com a famlia. Mas para o bem do relacionamento familiar anualmente fao este sacrifcio, mas na verdade passo a utilizar esses dias de caiara como sendo um momento de ficar a vontade com minhas idias e meu corpo. Sem horrio, sem compromisso e sem ter que dar satisfao.
No entanto, entre uma leitura aqui e outra ali, fico observando o comportamento das pessoas, pois, gosto de ver comportamentos, posturas, relacionamentos interpessoais e coisas do gnero social. Pude notar das vezes que fui at a praia que o comportamento do brasileiro mudou muito e principalmente o perfil fsico. Verifico que o formato dos brasileiros est cada vez mais oval, para no dizer arredondado. No percebi nenhuma preocupao com isso, por parte das pessoas observadas. Ao contrrio. Homens e mulheres de todas as idades se relacionando muitssimo bem com os corpos obesos, desfilando mais decotados, tatuagens das mais diversas em locais dos mais escondidos, peas de roupas cada vez mais fragmentadas. Muito menos qualquer tipo de preocupao com cicatrizes, manchas, verrugas, modelitos de banho, combinaes ou cuidados especiais que deveramos existir ao estarmos com to pouca roupa.
No pensem que fiquei assustado ou at mesmo surpreso. Fiquei admirado em ver que a auto estima do pessoal est elevada e a preocupao maior era de se divertir e estar a vontade. No notei qualquer tipo de pudor desta ou daquela pessoa. Senti um ambiente de igualdade em que as diferenas raciais, econmicas e sociais so niveladas ao mesmo patamar quando se est numa praia. Todos comem qualquer coisa, de qualquer jeito a qualquer hora. Todos ficam a vontade para falar, beber, comer e fazer o que quiserem. Risadas aos montes e bem altas, gestos dos mais diversos e principalmente as posies nas cadeiras de deixar qualquer contorcionista de raiva por ver que qualquer um pode sentar ou deitar de muitas formas.
Fiquei feliz de ver um povo desprovido de qualquer vaidade, aproveitar o local. Brincar, pular, nadar e at no fazer nada. Homens e mulheres de todas as idades passeavam de qualquer maneira. Naturalmente se percebe aqueles com fino trato dos objetos ou dos modos de se apresentar, mas foram poucos os que percebi que a ostentao era mais importante, ou que, ser daquele jeito, para essas pessoas era normal. Infelizmente neste universo de bem estar a beleza no conta muito. As pessoas se nivelaram no mediano, ou seja, todos redondos. Nem muito magros e nem muito gordos. Foram poucos os corpos atlticos e bem cuidados. Reduzido o nmero de metrossexual ou das garotas de Ipanema.
Conclui ento que praia local, na minha viso, de ficar a vontade, afinal, voc dificilmente voltar naquele local; ver aquelas pessoas e pouco se importar com o que vai acontecer naquela praia, porque sua passagem apenas nas frias, e deste modo as preocupaes com a sade continuada, em todos os sentidos, so secundrias uma vez que o prazer a prioridade e, talvez, um excelente remdio contra o estresse, a monotonia, as presses de se comportar e se vestir bem e tudo mais. Praia para todos, indistintamente, apesar da saudade que tive dos meus 20 anos, quando eu observava uma beleza fsica, e no uma beleza moral, ou espiritual, ou social. Acho que todos ns evolumos.
Mrcio Cavalca Medeiros radialista, jornalista e empresrio. E-mail: marcio@medeiros.jor.br. BLOG - marcio-medeiros.blogspot.com.br |
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